Osteoartrite:
Entenda a doença articular que vai além do simples desgaste
A osteoartrite, frequentemente conhecida como artrose, é uma condição articular crônica e progressiva que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Diferente do que muitos imaginam, não se trata de um mero "desgaste" da cartilagem. A osteoartrite é uma doença complexa que envolve a interação de diversos tecidos, como ossos, músculos e ligamentos, e possui um impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos.
O que é osteoartrite?
Considerada uma doença articular complexa, crônica e progressiva, a osteoartrite é frequentemente agravada por outras condições de saúde, especialmente em pessoas acima dos 50 anos. Ela é caracterizada por um desequilíbrio entre o dano e o reparo da cartilagem articular, afetando múltiplos tecidos e sistemas, e não apenas a cartilagem isoladamente.
A degradação da cartilagem leva a uma remodelação do osso que fica abaixo dela, o osso subcondral, incluindo a formação dos osteófitos (popularmente conhecidos como "bicos de papagaio"). É importante ressaltar que os osteófitos não são os únicos responsáveis pela degeneração articular. A inflamação também desempenha um papel crucial, podendo ser tanto útil quanto prejudicial quando se torna crônica.
A doença envolve uma inter-relação entre cartilagem, osso subcondral, músculos e ligamentos, impactando a força, resistência e estabilidade da articulação. Esse processo é ativo e se retroalimenta, o que explica a variação na gravidade estrutural e funcional entre os pacientes.
A osteoartrite é uma das principais causas de disfunção física global, figurando entre as 10 maiores doenças incapacitantes. Estima-se que cerca de 7% da população mundial acima de 65 anos apresenta características clínicas e radiográficas da osteoartrite. Para adultos acima de 45 anos, um quarto já apresenta sinais clínicos e radiográficos da doença.
A incidência da osteoartrite aumenta significativamente a partir dos 45-49 anos, com maior prevalência em mulheres em todas as faixas etárias entre 30 e 90 anos. O joelho é a articulação mais acometida, respondendo por cerca de 60% dos casos globais.
Quem pode desenvolver?
Pessoas acima dos 50 anos apresentam risco 2 a 3 vezes maior .
Em mulheres o joelho é o mais atingido, ja nos homens a incidência maior é no quadril.
A Obesidade: É fator crucial para ambos os sexos, podendo ser gerenciada desde a infância. A obesidade está ligada a alterações estruturais e inflamação sistêmica crônica, agravando a osteoartrite.
Traumas, sejam eles agressivos ou não, podem alterar a distribuição de forças na articulação e aumentar o risco.
Além de Mal alinhamento articular, fraqueza muscular (especialmente do quadríceps) e deformidades articulares (congênitas ou adquiridas).
Diagnóstico e a importância da comunicação
O diagnóstico da osteoartrite é predominantemente clínico, baseado na avaliação dos sintomas do paciente. Critérios importantes incluem idade superior a 45 anos, dor articular (em repouso ou durante atividades), e rigidez matinal com duração inferior a 30 minutos. Sinais como dor ao subir escadas, crepitação articular e sensibilidade na interlinha articular também auxiliam no diagnóstico.
É fundamental entender que a observação clínica é suficiente para o diagnóstico, mesmo na ausência ou demora de exames de imagem. Embora as radiografias sejam usadas para graduar a gravidade da doença, estudos mostram que alterações estruturais podem estar presentes em indivíduos assintomáticos. Portanto, o exame de imagem não deve guiar isoladamente o tratamento.
A comunicação cuidadosa e clara dos resultados de imagem ao paciente é essencial para evitar interpretações alarmantes e ansiedade desnecessária. Profissionais de saúde devem explicar os achados de forma acessível, sem o uso excessivo de termos técnicos que podem levar ao medo e ao comportamento evitador.
O papel da atividade física e o impacto no estilo de vida
Um dos maiores mitos sobre a osteoartrite é que o movimento e a carga agravam a doença. No entanto, evidências científicas recentes demonstram que a prática recreacional ou esportiva não piora a osteoartrite. É seguro e indicado manter as atividades físicas, independentemente do volume.
A atividade física é crucial para o manejo da osteoartrite. Indivíduos com a doença frequentemente reduzem sua atividade física, o que pode levar a sarcopenia (perda de massa muscular), maior risco de fragilidade, quedas e eventos adversos em idosos. O sedentarismo e a diminuição da atividade física formam um ciclo vicioso que agrava o quadro clínico.
A abordagem para a osteoartrite deve ser multidimensional e personalizada, considerando não apenas os aspectos físicos, mas também os psicológicos e sociais da dor crônica. A prevenção efetiva, que inclui mudanças nos hábitos alimentares e de atividade física, deve começar na infância, pois é mais difícil prevenir após certa idade.